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Matemática no Brasil: passado e presente, com vistas ao futuro

Participantes do Primeiro Colóquio Brasileiro de Matemática, em 1957 (fonte: site memorial do IMPA)


A matemática brasileira é um empreendimento jovem. Podemos identificar trabalhos pioneiros em meados do século 19, mas as atividades regulares só decolaram nos anos 1950, quando o Brasil se afiliou à União Matemática Internacional, realizou o primeiro Colóquio Brasileiro de Matemática e fundou várias instituições importantes. Vamos destacar algumas das iniciativas mais relevantes nessa história.

Os primeiros programas de pós-graduação em Matemática foram lançados nos anos 1930, com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Na primeira geração de matemáticos formados nesses cursos estavam Mauricio Matos Peixoto e Leopoldo Nachbin, que ajudaram a criar o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e também foram os primeiros matemáticos brasileiros convidados a fazer conferências nos ICM de 1962 e 1974, respectivamente.

Pouco antes disso, em 1957, havia acontecido o primeiro Colóquio Brasileiro de Matemática. O evento foi concebido como um encontro amplo, que congregasse toda a comunidade matemática nacional, e tem sido realizado bianualmente deste então. Vários livros importantes da literatura matemática nacional, elementar e avançada, surgiram como anotações para palestras no Colóquio.

Nas décadas de 1950 e 1960, com o objetivo de promover o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil, agências federais financiaram alunos talentosos para que buscassem formação científica de alto nível no exterior. Como resultado, uma nova geração de matemáticos surgiu e novos programas regulares de pós-graduação em Matemática foram estabelecidos, irradiando a partir do Impa e da USP.

A Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) foi fundada em 1969 e tornou-se a instituição nacional de adesão à União Matemática Internacional. A organização, que tem cerca de 2 mil associados, jovens e sêniores, é uma editora sem fins lucrativos de livros e revistas de matemática, e desenvolve diversas iniciativas de interesse amplo, como o Klein Project Brazil e o programa nacional de mestrado para professores da educação básica (Profmat). Desde 2002, a SBM vem organizando a Bienal da Matemática, um encontro bianual com mais de 2 mil participantes, voltado ao ensino e à popularização da matemática em todos os níveis.

O desenvolvimento da área no Brasil se acelerou nos anos 1970, quando políticas definidas para a expansão e consolidação do sistema científico nacional – incluindo o planejamento estratégico dos estudos de pós-graduação – foram postas em prática pelo governo federal. A importância da matemática para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia como um todo no país mereceu um tratamento especial nesta fase.

Outras sociedades matemáticas foram então estabelecidas, incluindo a Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), a Associação Brasileira de Estatística (ABE), a Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) e a Sociedade Brasileira de História da Matemática.

O Brasil tem duas principais olimpíadas de matemática. A Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) vem promovendo olimpíadas regionais e nacionais, assim como a participação bem-sucedida do país nas Olimpíadas Internacionais de Matemática, desde 1979. Já a Olimpíada Brasileira de Matemática para Escolas Públicas (Obmep) foi criada pelo Impa e pelo governo federal em 2005, e atualmente inclui quase 20 milhões de crianças por ano – como sinal do prestígio do evento, a presidente do país é geralmente quem dirige a cerimônia de premiação.

A educação, com um destaque especial para a educação em matemática, tem sido uma prioridade para o governo brasileiro há muitos anos. Entre outras iniciativas, o Profmat foi lançado em 2010 pela SBM, em conjunto com uma rede nacional de universidades e institutos, com apoio do governo federal, e, desde então, formou cerca de 2 mil mestres entre os professores do Ensino Médio.

Existem hoje mais de 50 programas de pós-graduação em matemática e estatística de norte a sul do Brasil, que treinam um número crescente de estudantes brasileiros e uma quantidade substancial de estrangeiros, especialmente da América Latina e, cada vez mais, da Ásia, da Europa e da América do Norte. Na cooperação internacional, destacamos o programa Ciência sem Fronteiras, outra grande iniciativa do governo brasileiro para impulsionar a troca de experiências científicas, iniciada em 2010. Sua principal via de atuação é conceder 100 mil bolsas por ano a estudantes – de graduação e pós-graduação – e pesquisadores brasileiros que desejem ter uma experiência no exterior, além de receber renomados cientistas estrangeiros, jovens e sêniores, no Brasil.

Nos próximos meses, teremos a oportunidade de contar mais sobre os caminhos da matemática no Brasil. De qualquer forma, já podemos adiantar a expectativa de que a organização, no Rio de Janeiro, da Olimpíada Internacional de Matemática, em julho de 2017, e do Congresso Internacional de Matemáticos, em agosto de 2018, trará uma nova era do desenvolvimento dessa área no país.

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